logo RCN
LETRINHAS DO RDB

Sabores de outros tempos

Quanto mais tarde fechávamos as edições do JJ, o saudoso Jornal de Joinville, menores e menos saborosas ficavam as opções gastronômicas da noturna Joinville daqueles últimos dias de 1975 e ainda avançando para o ano seguinte. Os ares etílicos permaneciam inalterados para qualquer uma das alternativas. O “cuba” (invariavelmente à base de rum com refrigerante de cola), apreciado por Wilson França e Celso Cachorro, ou um Campari, a preferência de Toninho Neves e Hilário Müller, chegavam primeiro às gargantas antes de qualquer movimento dos maxilares.

O roteiro gastronômico desta época da cidade estava restrito. Os retardatários ficavam condicionados a um único endereço, que estava na esquina das ruas João Colin com 15 de Novembro. Ali as portas do Braço de Ouro estavam abertas para receber os sedentos e famintos de última hora. A cozinha, com o comando de sempre atencioso Coelho, não deixava ninguém ir para o recesso de seus lares sem ao menos saborear um lanche especial. Talvez seria aquele pedaço de pão o precursor dos futuros lanches mais requintados.

Quando o dia terminava antes e a noite apenas estava começando era a chance de nos deliciar com a pizza do Dori na Whiskeria Capri, instalada na sobreloja do edifício Manchester. A cada nova abocanhada da faminta clientela o atento Murilo Vieira já ficava precavido que poderia providenciar mais massa.

A sofisticação para os ávidos moços de outras épocas tinha um endereço central. Desde a fachada, o Alles Blau tinha uma característica diferente do vizinho de parede – o popular Bar Expresso, que abria nas primeiras horas para receber a multidão que desembarcava no terminal urbano. Enquanto o Alles seria um refúgio para quem precisava avançar noite adentro.


Gastronomia diferenciada

Nunca tive gostos exóticos. A comida de minha mãe Veronica não tinha comparação. A galinha assada, com recheio da melhor farofa, em domingos festivos, ou mesmo o simples “ochsenhirn” (cérebro de boi, na melhor tradução do Google), para completar o final de dia com o bucho cheio, tinham a mesma preferência quando se tratava de movimentar o maxilar.

Nos tempos de JJ (Jornal de Joinville), para não ter que sair correndo de trás da Remington e chegar esbaforido no Alto da 15 e alguns minutos depois ter que fazer todo o percurso de volta, resolvi aceitar o convite para bater talheres na casa de Toninho Neves, na época instalado na rua Aristides Largura, no América.

A ida foi triunfal, instalados no possante Gordini. Toninho foi se bancar para esperar o prato feito. Não tinha a mesma intimidade. Preferi primeiro fazer uma inspeção nas panelas. Não encontrei nada do meu agrado, quando ouvi o dono da casa bradar: “Não tá bom o que tem? Então, frita um ovo!” E foi o que fiz para espanto de Toninho. O pão com ovo foi um banquete, que consegui fazer utilizando meus conhecimentos culinários, graças, graças por ser um faminto quando sentia o cheiro delicioso das habilidades culinárias de minha mãe. Passava horas rondando o fogão à espera de um “cala boca” com alguma destas delícias.

No retorno para o jornal, o Gordini sentiu aquela lombeira costumeira depois de um bom regabofe. Lá fomos nós pegar o zarcão, mas tivemos a sorte de ganhar uma carona de dr. Gerd Baggenstoss. O médico já estava atrasado para ir acompanhar o JEC em Florianópolis. A preocupação do dr. Gerd era se o Tricolor iria se sair bem no primeiro grande desafio do campeonato de 1976 jogando na capital. O adversário foi o Figueirense. A vitória do Tricolor completou um dia maravilhoso.

- - - - - - - - - - -

Esta é uma das crônicas que fazem parte de uma futura publicação, que terá o nome de “Glória´s do Menino Jornalista”, uma coletânea com mais de 600 textos em que relato fatos marcantes de minha vida e a trajetória no jornalismo joinvilense e catarinense. Apoiadores e patrocinadores são bem vindos. Aguardo seu contato para prestar mais detalhes, através do e-mail: rdbjoinville@gmail.com

Solicito o incentivo dos leitores e amigos para ter este projeto finalmente ser colocado em prática. Clique no link https://apoia.se/gloriameninojornalista. Contribua com o mínimo de R$ 20,00.

Atingindo o valor suficiente estarei retribuindo com a versão digital do livro, em formato de e-book.

Contribua e deixe seu contato (whatsapp ou e-mail) para em breve receber um exemplar da publicação eletrônica.

Artilheiro sem pressão Anterior

Artilheiro sem pressão

Os medalhistas e o novato Próximo

Os medalhistas e o novato

Deixe seu comentário